Gabarito: Fisiologia Respiratória em Mamíferos Domésticos

 Gabarito: Fisiologia Respiratória em Mamíferos Domésticos

1. Explique a função dos alvéolos pulmonares.

Os alvéolos pulmonares são as unidades funcionais do pulmão onde ocorrem as trocas gasosas entre o ar inspirado e o sangue circulante. Essas pequenas estruturas saculares, revestidas por uma camada epitelial extremamente fina, são altamente vascularizadas e permitem a difusão do oxigênio (O₂) dos alvéolos para os capilares pulmonares e do dióxido de carbono (CO₂) dos capilares para os alvéolos.

Os alvéolos contêm dois tipos principais de células epiteliais:

  • Pneumócitos tipo I: células delgadas e achatadas, responsáveis pela permeabilidade à difusão gasosa.
  • Pneumócitos tipo II: responsáveis pela produção do surfactante pulmonar, que reduz a tensão superficial alveolar, evitando o colapso dos alvéolos durante a expiração.

Além disso, os alvéolos possuem macrófagos alveolares, que desempenham um papel essencial na defesa imunológica contra agentes infecciosos inalados.


2. Descreva os efeitos do sistema nervoso simpático na respiração.

O sistema nervoso simpático atua na respiração principalmente por meio da liberação de neurotransmissores como a adrenalina e a noradrenalina. Esses neurotransmissores se ligam aos receptores β₂-adrenérgicos dos brônquios, promovendo broncodilatação, ou seja, o relaxamento da musculatura lisa brônquica. Esse efeito aumenta o diâmetro das vias aéreas, reduzindo a resistência ao fluxo de ar e permitindo maior ventilação pulmonar.

Além disso, a ativação simpática leva a:

  • Aumento da frequência respiratória (taquipneia) para atender à maior demanda metabólica em situações de estresse ou esforço físico.
  • Redução da produção de muco nas vias aéreas, favorecendo a passagem de ar.

3. Qual a relação entre adrenalina e broncodilatação?

A adrenalina, um hormônio liberado pela medula adrenal, tem grande afinidade pelos receptores β₂-adrenérgicos localizados nos músculos lisos dos brônquios. Quando a adrenalina se liga a esses receptores, ocorre uma ativação da via do AMP cíclico, que leva ao relaxamento da musculatura brônquica e consequente broncodilatação.

Esse mecanismo é essencial para a adaptação do organismo a situações de estresse, aumentando a ventilação pulmonar e garantindo um aporte adequado de oxigênio aos tecidos. O efeito broncodilatador da adrenalina é explorado na medicina veterinária para o tratamento de condições como asma felina e bronquite equina, utilizando fármacos β₂-agonistas, como o salbutamol.


4. Como os quimiorreceptores regulam a frequência respiratória?

Os quimiorreceptores são sensores especializados que monitoram os níveis de O₂, CO₂ e pH no sangue e no líquido cerebrospinal. Eles estão localizados em duas regiões principais:

  • Quimiorreceptores centrais (bulbo): sensíveis principalmente ao aumento da concentração de CO₂ e à diminuição do pH no líquido cerebrospinal. Quando há acúmulo de CO₂ (hipercapnia), esses receptores estimulam o aumento da frequência e profundidade respiratória para eliminar o excesso de CO₂ e restaurar o pH sanguíneo.
  • Quimiorreceptores periféricos (corpos carotídeos e aórticos): sensíveis à hipóxia (queda na concentração de O₂ no sangue). Quando detectam baixos níveis de oxigênio, enviam sinais ao tronco encefálico para aumentar a ventilação pulmonar.

Esses mecanismos garantem um ajuste fino da respiração de acordo com a necessidade metabólica do organismo.


5. Discuta o papel da eritropoetina na atividade respiratória e na oxigenação sanguínea.

A eritropoetina (EPO) é um hormônio produzido pelos rins em resposta à hipóxia tecidual. Sua principal função é estimular a medula óssea a aumentar a produção de hemácias (eritrócitos), elevando a capacidade do sangue de transportar oxigênio.

Nos mamíferos domésticos, a eritropoetina é particularmente importante em situações como:

  • Doenças pulmonares crônicas, que reduzem a oxigenação sanguínea.
  • Ambientes de alta altitude, onde a pressão parcial de oxigênio é menor.
  • Hemorragias severas, que reduzem a oferta de hemoglobina disponível para o transporte de oxigênio.

A produção de eritropoetina é regulada pelo eixo rim-hipóxia-hemácias, garantindo que a quantidade de hemoglobina circulante seja adequada para suprir as demandas do organismo.


6. Explique o impacto da tuberculose bovina na fisiologia pulmonar e na produção leiteira.

A tuberculose bovina, causada pelo Mycobacterium bovis, é uma doença infecciosa crônica que afeta principalmente os pulmões dos bovinos. A infecção leva à formação de granulomas pulmonares, que comprometem a ventilação alveolar e reduzem a eficiência das trocas gasosas, resultando em hipóxia progressiva.

Os principais impactos na fisiologia pulmonar incluem:

  • Diminuição da complacência pulmonar devido à fibrose tecidual.
  • Redução da ventilação alveolar por obstrução de brônquios e bronquíolos.
  • Aumento do trabalho respiratório devido à inflamação crônica.

Na produção leiteira, a tuberculose bovina causa:

  • Queda significativa na produção de leite, pois a hipóxia reduz a perfusão sanguínea na glândula mamária.
  • Emagrecimento progressivo, já que a infecção consome recursos metabólicos.
  • Possível contaminação do leite com M. bovis, tornando-o inadequado para consumo humano.

A erradicação da doença exige controle rigoroso e descarte de animais positivos.


7. Qual a importância do surfactante pulmonar na manutenção da função respiratória?

O surfactante pulmonar é uma substância lipoproteica produzida pelos pneumócitos tipo II dos alvéolos. Sua principal função é reduzir a tensão superficial alveolar, prevenindo o colapso dos alvéolos durante a expiração.

A ausência ou deficiência de surfactante resulta em Síndrome do Desconforto Respiratório em neonatos e animais prematuros, causando insuficiência respiratória grave.


8. Diferencie os mecanismos centrais e periféricos no controle da respiração.

  • Mecanismos centrais: localizados no bulbo e na ponte, regulam automaticamente a respiração com base nos níveis de CO₂ e pH no líquido cerebrospinal.
  • Mecanismos periféricos: envolvem quimiorreceptores carotídeos e aórticos, sensíveis às variações de O₂ no sangue.

9. Explique o papel do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal na regulação da frequência respiratória.

Esse eixo regula a liberação de cortisol em resposta ao estresse. O cortisol aumenta a resposta ventilatória e a sensibilidade dos quimiorreceptores, preparando o organismo para condições de alta demanda metabólica.


10. Como a pneumonia bacteriana compromete a troca gasosa alveolar?

A pneumonia bacteriana causa inflamação alveolar, acúmulo de exsudato e edema pulmonar, dificultando a difusão do oxigênio e reduzindo a ventilação alveolar, resultando em hipoxemia e aumento do trabalho respiratório.

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